quinta-feira, 26 de março de 2015

CÂNION ITAIMBÉZINHO - TRILHA DO VÉRTICE

Após fazer a Trilha do Cotovelo¹ sozinho nos reencontramos (Eu e a Iolanda) no Centro de Visitantes para fazermos juntos a Trilha do Vértice. Estamos no Parque Nacional dos Aparados da Serra, mais precisamente no Cânion Itaimbézinho um dos mais famosos do parque por possuir 3 trilhas para visitação. Na parte superior do Cânion, essa, partindo da cidade de Cambará do Sul - Rio Grande do Sul, distante 18 Km, é possível fazer a Trilha do Cotovelo e a Trilha do Vértice. Já para a Trilha do Rio do Boi parte-se da cidade de Praia Grande em Santa Catarina e percorre-se 8 Km (ida e volta) pelo interior do cânion.

A Trilha do Vértice tem seu inicio no Centro de Visitantes do parque, é uma trilha fácil que percorre-se 1,4 Km onde o diferencial é a proximidade com a borda do cânion. O começo da trilha é realizado sobre uma passarela em concreto envolvido por árvores que proporcionam uma sobra agradável.

Passarela na Trilha do Vértice.

Após alguns metros chegamos em um belo mirante onde já se tem um primeiro contato com o Cânion. Sombra refrescante e bancos são convidativos, mas por ocasião do retorno, pois apesar da impressionante vista, nossa curiosidade nos apressa em prosseguir na trilha. 

Mirante no Cânion Itaimbézinho.


Cânion Itaimbézinho - Trilha do Vértice.


Cânion Itaimbézinho - Aparados da Serra.


Trilha do Vértice - Cânion Itaimbézinho.


Parque Nacional Aparados da Serra.

Mais um pouco e termina o balizamento calçado, agora a trilha é de terra e termina a companhia da sombra, chega-se então no que seria o Vértice que dá origem ao nome da trilha, o inicio do Cânion para quem o vê por cima e o final para quem vem por baixo. 

Vértice é o ponto comum entre os lados de uma figura geométrica, ou o encontro de duas semi-retas, dos dois lados de um polígono ou de três (ou mais) faces e arestas de um poliedro. 

Para quem está indo o caminho é pela trilha e para que está voltando o caminho é por uma passarela montada um nível mais acima, com bancos para descaso, esse é um do três mirantes principais onde é possível avistar as duas cascatas e o Cânion em sua extensão. Nesse ponto é onde passamos para o outro lado do cânion onde avistaremos as paredes do inicio da trilha.

Começo ou fim do Cânion - Parte superior. A estaca marca a localização do que seria o vértice.

Desconsiderando aquele primeiro mirante na sombra, há três mirantes principais, no qual o primeiro mostrará a incrível Cascata das Andorinhas oriunda do Rio Perdiz que passa próximo ao Centro dos Visitantes. Após um declive de degraus na trilha já nos deparamos com seu incrível visual. 

Trilha do Vértice.


   
Cascata das Andorinhas - Rio Perdiz.


Trilha do Vértice - Cascata das Andorinhas.

O tamanho da queda é discutível, sabendo que algumas paredes do Cânion atingem os impressionantes 700m, alguns relatos apontam que nessa parte a queda chega a 300m de altura, sendo que o volume da água é transformado em neblina antes de atingir o fundo do Cânion.

Cascata das Andorinhas - Trilha do Vértice - Cânion Itaimbézinho.

Andamos mais um pouco e a visão do Cânion é impressionante, mais a frente já no final da trilha o segundo mirante mostra a Cascata Véu da Noiva que tem uma queda de 500m sendo suas águas formadas pelo Arroio Preá. Uma placa restringe a passagem, chegamos ao final da trilha. Também é possível visualizar a Véu da Noiva a partir do mirante da Trilha do Cotovelo.

Cânion Itaimbézinho - Trilha do Vértice.


Parque Nacional Aparados da Serra - Cânion Itaimbézinho.

O terceiro mirante é o do Vértice, o que lhe apresenta como terceiro é que o mesmo é acessado no retorno embora já tenhamos passado por ele anteriormente, porém um nível abaixo. O final da Trilha não é o mesmo caminho do início, porém chega-se ao mesmo lugar. Novamente o caminho calçado e um pouco de sombra agora nos guia para o final do incrível passeio.

Enfim um merecido descanso na sombra.



TRILHA DO VÉRTICE - O IMPRESSIONANTE PASSEIO NA BORDA DO CÂNION NOS ENCANTA COM SUAS BELAS CASCATAS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!




COORDENADAS GOOGLE EARTH PARA O 3º MIRANTE (VÉRTICE): 
29º09'32.95" S - 50º04'36.15" O



TEXTO: Valfredo Neves.



FOTOS: Valfredo Neves.



NOTAS: 





terça-feira, 10 de março de 2015

CERRO DA CRUZ - SANTANA DO LIVRAMENTO

Apaixonado por montanhas e distante de todas elas decidi que iria saciar a minha fome de aventura no que estivesse ao meu alcance e assim tem sido. Apesar de estar longe das grandes montanhas a região de Santana do Livramento nos trás algumas possibilidades não só de aventura, mas também históricas o que também atraem minha atenção, ainda assim,  muitas vezes essas duas "categorias", aventura e história, se fundem em uma coisa só, pois para se chegar em algum lugar histórico é necessário vivenciar algum tipo de aventura, pequena e indireta ou mesmo grandes jornadas. Lugares históricos acabam sendo relativo do ponto de vista interpretativo de cada um, pois para mim, por exemplo, todo lugar é histórico, cada lugar trás a sua história, as vezes oculta ou esquecida, que cabe a nós resgatar com a intensidade com que nossa curiosidade nos cobra. Muitas vezes essas histórias nos trazem alguns anexos como mitos e lendas o que servem como atenuantes em nossa busca pelo conhecimento e experiências.

Bom! Filosofias a parte, há vários outros cerros em Santana do Livramento, alguns até não longe do perímetro urbano.  No departamento de Rivera no norte do Uruguai também encontramos vários, alguns deles até divididos (ou unidos) entre os dois países como o Cerro do Marco e o Cerro do Chapéu¹. Já estivemos em vários deles o que se pode acompanhar no marcador Cerros². Porém o que me seduzia ao visualizar o Cerro da Cruz era a imponência de seu isolamento na Planície da Coxilha de Santana. Ao passar pela BR 158  é possível visualizá-lo desde muito longe, mas o melhor trecho para reconhecê-lo é sem dúvida nas proximidades do "trevo da Faxina³", visualiza-se também o Cerro de Palomas¹¹, que mais a frente para quem chega na cidade irá cruzar ao lado, pois este fica as margens da BR 158, o Cerro da Cruz fica bem atrás deste a uma longa distância.   

Cerro da Cruz - Coxilha de Santana.


Cerro da Cruz - Santana do Livramento - RS / BR.

Num domingo pela tarde decidimos ir até o cerro. Fomos pela estrada do Passo do Guedes, que até o Cerro da Cruz são aproximadamente 35 Km, os quais a metade em asfalto e a outra é em estrada de terra, que na ocasião estava bem conservada. Por esse caminho passamos por vários locais do roteiro turístico Ferradura dos Vinhedos um passeio que mostra belezas naturais, atrativos culturais, riquezas históricas, religiosas e sociais (além do vinho). O ponto de número 4 num total de 10 da Ferradura dos Vinhedos é a visualização do nosso destino o Cerro da Cruz. Na placa tem um pequeno, porém esclarecedor texto que até então desconhecíamos. Num primeiro momento ele informa, logo nos trás dados e em seguida atiça nossa imaginação. 

No texto está:
No inicio do encontro, a direita, da Ferradura, se vislumbra o Cerro da Cruz que "[...] se consagra no silêncio secular [...] [e é] uma das principais elevações montanhosas da coxilha de Sant'Ana com 392 metros de altitude; [a] denominação [foi] [...] dada pela cartografia geral do Exército, baseada nos causos de guerra em que moradores da localidade contavam que viam nele uma cruz que aparecia e desaparecia no seu crepúsculo. É uma cicatriz da terra e da história fronteiriça que testemunhou guerras por demarcações, revoluções e paz (POTOKO,2013).

Ponto 4 da Ferradura dos Vinhedos - Cerro da Cruz.

Da placa a estrada segue, mas seguimos pela direita, na direção que indica a seta por orientação de um morador local. Da placa até o ponto nº 5 da Ferradura dos Vinhedos o Cemitério da Cruz são aproximadamente 2.1 quilômetros o que nos serve como ponto de referência, depois mais 1.2 quilômetros entramos em uma estrada a esquerda, sempre visualizando o cerro, dessa entrada são mais 3.6 quilômetros até o cerro.

Cerro da Cruz - Santana do Livramento - RS / BR.

Chegamos então ao cerro. Ao lado há uma residência, após estacionar na sombra fui falar com o senhor que ali morava, para perguntar-lhe se teria alguma restrição em subir o cerro, pois para acessar a área teria que passar primeiramente a cerca. O senhor me disse que a cerca fazia parte de sua propriedade e eu poderia entrar sem problemas e me deu uma dica da direção a ser seguida.

Cerro da Cruz - Livramento.

Do carro segui sozinho mais alguns metros até uma árvore isolada que serve como referência para o acesso, visualizo mais uma cerca, que agora sobe em direção ao cerro e dá uma ideia de direção. A medida em que caminho em direção ao cerro percebo a presença de várias espécies de aves, algumas me causando seguidos sustos ao levantar voo da vegetação, urubus plainam bem acima nas correntes de vento, e tesourinhas (que a muito não via) equilibravam-se no arame da cerca, entre outras.

A árvore isolada serve como referência no acesso.


Olhando pra trás visualizo a árvore e bem ao fundo na estrada o carro. 


Tesourinha (Tyrannus savana).

A árvore isolada serve como referência no acesso. No principio a subida é leve, a vegetação é baixa e passo por um pequeno lajeado, em seguida me aproximo da cerca que tem um rastro de trilha, inevitavelmente paro de contornar e me direciono para o cerro, não é possível trassar um caminho reto, agora a vegetação atinge os joelhos, a subida se torna ingrime, o preparo físico me é cobrado prematuramente das minhas pretenções. Chego então em uma parte rochosa que forma uma parede, me animo, alguns trechos escaláveis, porém curtos, uso dos desvios que se mostram possíveis, a vista já se revela encantadora, mas ainda não em sua plenitude.

Subindo o Cerro da Cruz.


Pampa.


Na metade já da pra ter um aperitivo... 


...Pois a paisagem começa a ter outras formas.

Tenho ainda um trecho a percorrer, a subida final parece mais inclinada, respiro ofegante, a perna treme, é como se o longo período de sedentarismo que o inverno urbano me causou estivesse sendo me jogado na cara, sinto a montanha cobrando seus tributos, mas é bom, eu gosto disso, eu queria estar ali. Agora quase no fim pedras, muitas pedras, soltas ou não, desvio para não provocar impacto.

Pedras.


Agora começo me impressionar com a vista...

Registro minha empreitada e logo em seguida chego ao cume, plano, vasto, menos que a vista que se perde, são várias as cores e as formas, vejo água, Palomas, o Pampa. O carro está longe, eu estou longe, posso quase tocar o silêncio não fosse o assobio da brisa nos ouvidos, chego próximo a um aglomerado de pedras, suspeito que é a parte mais alta, cume é cume, a montanha se solidariza e me empresta a emoção que vim buscar.

No Cerro da Cruz em Santana do Livramento - RS / BR.


Cume do Cerro da Cruz.


Vista do Cerro da Cruz .


Cerro Palomas visto do Cerro da Cruz - Planície da campanha gaúcha.

 Não há cruz no Cerro da Cruz, mas poderia haver, por que não? A origem do seu nome vimos mais acima na citação da placa, porém, tantas outras montanhas trazem uma cruz no topo, que me fazem repetir a pergunta, por que o Cerro da Cruz não tem cruz? Por que a cruz está entregue a imaginação de quem diz enxergar e não materializada em seu topo? Fica a dica então para os canais competentes.
Faço o caminho inverso com a sensação do dever cumprido, o contato com a montanha é sempre enriquecedor, não importa o seu tamanho, o contato com a natureza nos rejuvenesce mesmo que por dentro, sempre se tira coisas boas em experiências como essa. 

Retornando.


Cerro / Rocha / Flora = Natureza.




CERRO DA CRUZ - IMPONENTE NA COXILHA DE SANTANA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



COORDENADAS GOOGLE EARTH: 30º42'25.61" S - 55º20'48.39" O.


TEXTO - Valfredo Neves.


FOTOS - Valfredo Neves.



NOTAS:





Trevo da Faxina³ - Trevo ou rótula a aproximadamente 33 Km de Santana do Livramento.